Cavalo Sortudo vira alvo de uma disputa judicial

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IMPASSE // Duas pessoas querem o animal que foi agredido e abandonado na Conselheiro Aguiar
Wagner Oliveira
Da equipe do diario



Depois da sorte, a dúvida. Quem diria que aquele pobre cavalo agredido e abandonado pelo seu dono na Avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, no Recife, na semana passada, pudesse virar alvo de uma disputa judicial. Pois é. Sortudo, como já foi batizado pelo motorista Onildo Santa Cruz das Neves, de 54 anos, pode não ter o mesmo destino que estava previsto: ir para uma granja no município do Cabo de Santo Agostinho. Ontem, a presidente do Movimento de Proteção ao Cão em Risco (MPC), Simone Sales, entregou um requerimento ao Centro de Vigilância Ambiental (CVA) solicitando a guarda do animal. Caso não seja atendida, Simone adiantou que vai mover uma ação judicial para conseguir a posse do cavalo. A briga não vai ser fácil. Do outro lado está Onildo, que além de Sortudo, espera receber uma égua da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Ele afirmou que não vai desistir do animal. "Vou entrar na Justiça também", frisou.

Ontem pela manhã, um Sortudo mais forte e bem alimentado já tinha sido colocado em cima do caminhão do CVA que o levaria para o novo endereço, no Cabo de Santo Agostinho. O clima já era de despedida. Para o caminhão seguir viagem, só faltava a égua subir no veículo. E ela parecia saber que iria embora, foi procurada por alguns minutos, mas não foi encontrada na universidade. "Essa égua está por aqui há cerca de duas semanas. Não sabemos como ela chegou na universidade. Como Onildo nos pediu para ficar com o cavalo, acabou querendo a égua também", contou a veterinária Beatriz Dutra Vaz, responsável pela clínica de eqüinos da UFRPE. Nesse tempo de espera pela égua que não apareceu, Onildo recebeu a informação de outras veterinárias de que não poderia levar Sortudo. Pelo menos ontem não pôde. O cavalo voltou para o CVA, em Peixinhos, de onde havia saído na última quinta-feira.

"Até que a situação desse animal seja resolvida ele vai continuar no centro. Pela legislação municipal o antigo proprietário tem um prazo de cinco dias para retirá-lo daqui. Caso ele não apareça, qualquer pessoa pode solicitar a guarda do cavalo", afirmou o gerente do CVA, Geraldo Vieira. Segunda a assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife, o centro dispõe de uma cocheira e estrutura suficiente para manter o animal até que a possível disputa judicial seja concluída. "Eu já entrei na luta e agora não vou desistir. O lugar para onde eu vou levar esse cavalo é o melhor para ele. Lá vai ter comida à vontade e nem ele nem a égua serão maltratados", destacou Onildo. O local para onde Simone Sales pretende levar Sortudo é um sítio onde estão mais de cem cachorros e uma burra.

Segundo a veterinária Beatriz Dutra, não seria uma boa opção unir o cavalo a uma burra. "Esses dois tipos de animais não se entendem facilmente. O cavalo é um garanhão e pode agredir a burra até que eles venham ou não ter uma fase amigável. O local para onde seu Onildo quer levá-lo é o adequado", ponderou. Sortudo, desde a semana passada ganhou novos amigos e admiradores. Depois de ter sido agredido pelo seu antigo proprietário, identificado apenas como Alex, e que está sendo procurado pela polícia, o animal passou a ter dias melhores. Longe das agressões e com alimentação regular.