Danária

Detonautas: a revelação do rock Brasileiro

por Juliana Dutra



Eles conheceram-se pela internet. Tico estava em um chat e perguntou se alguém tocava algum instrumento e queria formar uma banda. Tchello respondeu, dizendo saber tocar violão. Os dois rapazes juntaram-se a outros, que tinham o mesmo sonho. Todos se conheceram pela internet, exceto Cleston, amigo de Tico.

Atualmente o Detonautas Roque Clube (DRC) é composto por: Renato Rocha (guitarra), Fábio Brasil (bateria), Rodrigo Netto (guitarra e voz), Tchello (baixo), Tico Santa Cruz (vocal) e DJ Cleston (scrachts e percussão).

O CD da banda já emplacou vários sucessos,
transformados em verdadeiros hinos. É o caso de Outro lugar e Quando o sol se for, música pertencente à trilha sonora de Malhação. As duas canções tornaram-se também toques de celular.

O conjunto carioca já se apresentou na abertura de shows de bandas internacionais como Silverchair e Red Hot Chili Peppers. Mas, quem pensa que eles têm medo de serem taxados como “banda de abertura”, enganou-se! Através do trabalho, carisma e humildade inerentes ao grupo, eles provam que estão conquistando espaço permanente na música nacional. Não é à-toa que receberam dois prêmios no VMB – audiência e revelação – concurso promovido pela MTV brasileira.

Em entrevista exclusiva ao APÁGINA, Renato Rocha – guitarrista do Detonautas – fala um pouco sobre o sucesso, a batalha para consegui-lo, e também sobre a trajetória da banda.

APÁGINA - Como vocês avalia a vida de quem vive da música no Brasil? Alguma vez já se arrependeram de formar a banda? Quais são as vantagens e desvantagens de seguir esta carreira? O que vocês costumam fazer quando não estão na estrada?
Renato Rocha - Viver de música no Brasil é antes de mais nada, nadar contra a maré. No início rola sempre aquela descrença de todos, ou praticamente todos. O que vale é nosso esforço e nossa batalha diária para mostrarmos que não viemos a passeio. É claro que existem vários níveis nessa parada. Pra gente, hoje, viver de música é a realização de um sonho juvenil até. Mas trabalhamos muito e continuamos no mesmo ritmo, se não estiver maior até.
Eu particularmente nunca me arrependi de ter banda, sinceramente. As vantagens são várias, já que faço o que amo, viajo, conheço culturas, pessoas,lugares diferentes. Hoje, após cinco anos e tal, de dureza total, estou sendo pago para isso também. Nunca estivemos nessa por dinheiro, mas sabemos que ele faz parte de nossas vidas e precisamos pagar nossas contas, então fico feliz em perceber que mesmo fazendo o que amo, posso ganhar o meu, honestamente.


Quando não estou na estrada estou com minha família, minha noiva, fazendo o que todos fazem.Esse contraste é bacana... viajo, pressão total, shows... e volto pra paz do meu canto. Esse é o lance.


DJ Cleston (scrachts e percussão)

Fábio Brasil (bateria)
APÁGINA - Tem algum fato curioso que aconteceu com vocês durante algum show e que não contaram a ninguém?
RR -Que eu me lembre... não. É claro que têm momentos em que a gente no palco está se olhando e com certeza ninguém percebeu que a gente errou, ou fez algo que não estava previsto. É a graça de se tocar ao vivo... mas que eu me lembre de algo que a gente não contou... não tem.

APÁGINA - Gostaria que analisassem o Detonautas desde o início da carreira até agora.
RR - O Detonautas Roque Clube sempre colocou metas durante esses 6 anos e as cumpriu. Sempre soubemos onde queríamos chegar e onde queremos e acho que isso nos faz tomar as atitudes pensando em atingí-las sempre. Pensar grande faz com que façamos grande. Pensando de fora, vejo o DRC como seis caras com virtudes diferentes, que se complementam e fazem a engrenagem girar sem muito atrito. Todos nós seis temos a consciência de que algo maior nos move, por isso temos muito respeito e amizade uns pelos outros. As brigas rolam, mas a gente sabe que é para se alcançar um objetivo maior, uma nova meta... e sabemos lidar com isso muito bem. Estamos hoje mais fortes do que nunca e vamos em frente, sempre.

APÁGINA - A música de vocês atualmente é bastante tocada em todo o Brasil. Composições feitas pelo conjunto se transformaram
em toque de celular, uma das canções do CD faz parte da trilha sonora de Malhação, seriado da Globo... Sinceramente, esperavam toda esta aceitação? Falta alguma coisa para atingirem o que sonhavam?
RR - Esperar a gente sempre esperava, senão não faria sentido ter acreditado nisso tudo desde o início. No fundo sabíamos que estávamos fazendo um som nosso, verdadeiro, mas que poderia tranquilamente frequentar os dials das FMs. E é claro que vivenciar a situação é que é algo diferente, ver acontecer é que é engraçado. Pra gente , nossa vida continua a mesma, continuamos sendo as mesmas pessoas, o que muda é que as OUTRAS pessoas é que nos encaram de outra forma. E o que a gente sonha não está nem perto. Queremos nos estabelecer como uma banda de carreira e falar disso num primeiro CD é muito cedo. Vamos trabalhar todos os dias para transformar nossa meta, nosso sonho, em uma realidade bacana e verdadeira. Anote o que estou escrevendo, sem querer parecer prepotente, viemos para ficar e vamos batalhar muito pra isso. Daqui há dez, quinze anos, vc me mostre essa entrevista, ok? (Risos)

APÁGINA - Três dos integrantes - Tico, Cléston e Rodrigo - vieram ao Nordeste, para divulgar o CD e interessados em fazer shows na região. Alguma apresentação foi agendada?
RRCom certeza estaremos fazendo shows no Nordeste em breve. Já temos datas pré-agendadas e já já nosso site estará atualizado com a agenda de shows. Estamos com muita vontade de tocar na região!!! A espera está acabando...

APÁGINA - Esta pergunta é para os que estiveram em Pernambuco... O que acharam do estado?
RR - ( Não estive, mas sei que a galera curte Rock e tô louco pra tocar aí!)

APÁGINA - O que conhecem da música nordestina, em especial a pernambucana?
RR - O nordeste em geral é muito rico em termos de cultura. Musicalmente é incrível também, e não falo só de Pernambuco não... temos ícones nacionais vindo do Nordeste e é inacreditável que ainda existem pessoas preconceituosas nesse sentido. Somos fãs ardorosos do Lenine, por exemplo. Tem toda aquela geração influenciada pelo rock dos Beatles e etc, que fez um som genuinamente brasileiro, como o Zé Ramalho ,Geraldo Azevedo, tem os Novos Baianos... enfim, tem um escola aí no Nordeste. Mais pra frente a gente ouviu muito o Chico Science e a Nação...aliás, estamos ouvindo muito o novo disco da Nação. O nordeste é rico demais, não só Pernambuco... Mestre Ambrósio,

Renato Rocha (guitarra)

Rodrigo Netto (guitarra e voz)
Pau de Dar em Doido, Cabruêra... e ficaria aqui até amanhã falando das bandas nordestinas.

APÁGINA - No momento que receberão VMB, o que pensaram? Quando foram indicados ao prêmio acreditavam que iriam ganhar? Qual a importância dele para vocês?
RR -Eu até coloquei um post no nosso blog sobre isso e realmente na hora só pude pensar em como esses 6 anos de batalha estão bem representados com esse prêmio. O prêmio em si é a materialização desse trabalho, dessa jornada, dessa batalha diária que é ter uma banda noBrasil e fiquei muito emocionado com isso. Essa é a importância desse prêmio. O reconhecimento por um trabalho feito com muito amor, humildade, fé e força de vontade!
Nós sabíamos que tínhamos chance, mas é o que disse acima, vivenciar é que é chocante. Ir lá buscar o prêmio e tentar falar algumas poucas palavras é que é o lance. (risos)


Tchello (baixo)
APÁGINA - Quais são os próximos projetos do grupo?
RR -A turnê continua, estamos compondo várias músicas e em breve iremos parar um tempo para gravar o segundo CD. Estamos também em fase de divulgação de Olhos Certos, nosso terceiro single de trabalho. Estamos a todo vapor!!!!

APÁGINA - Já que ganharam o VMB como banda revelação... Que conjuntos musicais apontariam para a mesma categoria?
RR - Se formos analisar pelo lado da MTV, as opções eram essas [ver link] . É necessário ter um clipe rolando e todos os indicados têm alguma repercussão. Uns mais do que outros, mas todos estão batalhando no cenário musical há pouco tempo. Existem bandas independentes que estão há mais tempo do que todos os indicados, por isso não encaixaria na categoria de Revelação.


APÁGINA - Quais conselhos dariam aos jovens que estão começando a tocar agora, muitos deles nas garagens, e mesmo assim estão enfrentando problemas como a falta de divulgação, de espaço na mídia e nas gravadoras...
RR -O mais difícil no início é fechar o time. Se a banda tem as pessoas certas, fica mais fácil. Depois é ralar todos os dias, acreditar mesmo. Ser cara-de-pau, não deixar passar oportunidades nunca, criá-las, se possível. Ver onde ninguém viu ainda. Nosso camarada, o Canisso, é que diz: " Tem que ter o tal do Olho de Tigre!!"

APÁGINA - Por favor, deixem um recado para todos os fãs dos Detonautas, especialmente aos pernambucanos.
RR - Agradeço de coração a todos vcs que votaram e que acompanham a banda! Esse prêmio é de TODOS !!! Estamos contando os dias para fazermos shows aí pelo Nordeste e tenho certeza de que serão dias inesquecíveis!!! Valeu por tudo!! Vamos em frente!!!

Tico Santa Cruz (vocal)


Para saber mais sobre os Detonautas:
Site oficial: www.detonautas.com.br
Blog: www.detonautas.com.br/naestrada



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