De onde vêm os mascotes?por Alexandre de Souza Barbosa
Grandes representantes da tradição futebolística, os mascotes carregam consigo a própria essência de um clube de futebol. Deixar de relacionar o leão ao Sport, a cobra coral ao Santa Cruz ou o timbu ao Náutico é impossível. Porém, daí surge uma dúvida que passa pela cabeça de muitos torcedores: Como esses mascotes foram escolhidos?
As relações mascote-clube, na maioria dos casos, é duradoura – dificilmente uma equipe muda de mascote – e tem início junto com a fundação do time. E foi seguindo esses tradicionais moldes, que as equipes pernambucanas nomearam os seus, tão famosos e conhecidos, ícones.
Vamos começar pelo Sport, conhecido como Leão da Ilha do Retiro, fazendo referência ao estádio do rubro-negro pernambucano. O porquê da escolha do felino das savanas para símbolo da equipe remonta ao ano de 1919 e, ao contrário do que você está imaginando, não ocorreu durante uma excursão à África e sim ao Pará. Inclusive, essa fora a primeira longa viagem do time pernambucano.
A mais importante das partidas disputadas em terras marajoaras foi contra a Seleção Paraense, pois estava em jogo o Troféu Leão do Norte. A equipe do Sport venceu, mas os paraenses inconformados com derrota e, principalmente, com o fato de ter que ceder o belo troféu ao adversário, recusaram-se a entregá-lo, tendo os rubro-negros de recorrer à polícia para trazer o símbolo da conquista para a capital Pernambucana.
Depois de tanto rebuliço, no dia do embarque, na época as viagens eram feitas de navio, um torcedor mais exaltado ainda avariou o belo troféu, quebrando a cauda da escultura.
O interessante é que o troféu, símbolo da história do Sport, não foi reparado e está exposto na sala de troféus do clube, para quem quiser apreciar.
Após tão conturbado episódio, a torcida rubro-negra entrou em consenso e elegeu o leão como mascote do clube, além de poucos anos depois, incorporá-lo ao escudo do uniforme da equipe.
Já no Santa Cruz a história é mais simples e menos conturbada. Inicia-se em 1916, dois anos após a fundação do clube, quando o Tricolor, que na época era alvinegro, ia enfrentar o Flamengo de Arcoverde, que também tinha nos uniformes as cores branca e preta.
A liga não permitia dois clubes com as mesmas cores e como o Flamengo era mais antigo, o Santa teve de incorporar a cor vermelha ao uniforme, tornando-se desde então tricolor, ou melhor, coral.
Dada a semelhança das cores do uniforme do time com a cobra coral, a torcida não titubeou e adotou de imediato o réptil como mascote.
A escolha do mascote do Náutico teve data e local certos. Dia 19 de Agosto de 1934 no campo da Jaqueira, após uma partida contra o tradicional time do América.
Um resultado negativo para o Náutico, nesse jogo, interessava especialmente ao Sport e com isso a torcida rubro-negra foi até o local da partida “secar” o adversário.
Era um dia chuvoso e o placar do primeiro tempo terminara em 1x1. Durante o intervalo, o técnico alvirrubro preferiu não descer para o vestiário e conversou com seu time no centro do gramado. Ainda no intervalo de jogo, um dirigente do Náutico levou até os jogadores uma garrafa de cinzano e deu um pouco da bebida a cada um, com o objetivo de aquecê-los, já que estava bastante frio.
Foi o suficiente para a torcida adversária, baseada na sabedoria sertaneja de que o timbu tem uma predileção por aguardente e na fama de boêmios dos alvirrubros, começar a gritar em tom de provocação: “Timbu! Timbu! Timbu!”.
No entanto, a provocação motivou mais ainda a equipe do Náutico que marcou dois gols e venceu a partida por 3x1. Ao término da partida, os jogadores devolveram as provocações e gritaram: “Timbu 3x1! Timbu 3x1!”. De quebra, nesse mesmo ano o Náutico conquistou seu primeiro Campeonato Pernambucano.
Desde então, o Náutico escolheu o timbu, um marsupial rápido de garras e presas afiadas, para representá-lo como símbolo.
A pesquisa pelas origens desses mascotes nos revela fatos engraçados e inusitados que valem à pena serem conhecidos e contados. Afinal, tais símbolos tradicionais e sagrados são uma parte muito importante da história dos clubes de futebol.
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